[Entrevista] Estúdio Futago

Escrito por Miaka Freitas - quarta-feira, março 12, 2014



 O Estúdio Futago foi fundado em dezembro de 2009, pelas irmãs Sonia e Silvana de Alvarenga, mais conhecidas pelos nomes que assinam seus mangás: Soni e Shirubana. 

O objetivo do Estúdio, a principio, era apenas publicar mangás online e começar a buscar leitores para ter feedbacks das obras, poré,, logo no primeiro mês de divulgação houve interesse de uma editora e isso mudou completamente os planos das meninas. Hoje em dia o Estúdio também produz contos ilustrados, CDs Dramas, Ilustrações, sites etc e publicam mangás originais com o titulo “O Príncipe do Best Seller” e “Vitral” pela editora HQM Editora.

Atualmente, Príncipe do Best Seller chega em seu volume final, que é o 6 da coleção. Algo que raro no mercado brasileiro, já que títulos de quadrinhos bazucas raramente são continuados até o fim (seja por falta de verba, seja por falta de incentivo aos autores e desenhistas). Em seguida a esse titulo, o estúdio já promete lançar outro titulo em mangá, pela editora HQM Editora. Conseguindo esses ditos “milagres” no mercado de quadrinho nacional, Soni e Shirubana nos cedeu uma super e divertida entrevista para o blog.

Um Sofá: Primeiramente, agradeço deste de já por essa entrevista concedida para o blog Um Sofá.
Estúdio Futago: Nós que agradecemos ao UM Sofá pela gentileza!^^

Um Sofá: Da onde surgiu a ideia do Estúdio Futago?Como foi a história do nascimento?
Estúdio Futago: A ideia surgiu em 2009, quando resolvemos criar um site profissional e montar o estúdio fisicamente também. Nossa ideia era disponibilizar as histórias para todos lerem gratuitamente para sabermos a opinião dos leitores.

Um Sofá: Vocês trabalham com prazos apertados para a criação de todo o roteiro e desenho dos títulos?
Estúdio Futago: Nosso prazo é bem flexível até, não é como no Japão ( graças a Deus). Combinamos com a editora de entregar os trabalhos de três em três meses, mas como existem muitas variáveis e imprevistos, esse tempo pode mudar bastante. Entretanto, nós sempre tentamos cumprir com esse prazo.

Um Sofá: Como surgiu a ideia de escrever “O Príncipe do Best Seller”? Já surgiu como uma publicação profissional ou foi apenas um fanzine?
Estúdio Futago: O Príncipe do Best Seller era para ser um fanzine, ou melhor, uma webcomic. Eu tinha 17 páginas em junho de 2008, mas só em 2009 que resolvi desenhá-lo seriamente quando estávamos escolhendo uma história para estrear o estúdio. Eu queria criar uma escola para escritores, que tivesse um mistério para ser resolvido, mas a ideia só fechou depois que a minha irmã mais velha me trouxe as 15 regras para criar um Best-seller, da revista Mens Health, que era muito engraçado. Então, decidi fazer uma comédia, seguindo essa linha do sonho que alguns escritores têm de fazer um Best-seller. Juntei tudo que eu gostava nesse mangá e deu certo.

Um Sofá: E “Vitral”?
Estúdio Futago: Vitral nasceu como uma Light Novel em 2006, em formato e-book. Vendemos umas vinte cópias. A inspiração veio de um livro sobre relatos reais de fenômenos paranormais. Um dos relatos reais, contava a história de dois amigos que viram um magnífico mosaico numa igreja na Europa. Como estavam sem a câmera, resolveram voltar no outro dia, mas para a surpresa dos dois, esse mosaico nunca existiu. Procuraram em todas as Igrejas da região e não o encontraram mais. Era um mosaico fantasma! Assim, nasceu o Vitral fantasma, visto pelos protagonistas de Vitral. O tal livro que inspirou Vitral, também desapareceu da biblioteca quando fomos procurá-lo... Mas é isso.
 
Um Sofá: Como foi a correria atrás de editora interessada a publicar, pois os títulos são publicados pela HQM, certo?
Estúdio Futago: No começo não tínhamos a pretensão de publicá-los, mesmo porque, nunca conseguimos isso antes. Nunca tivemos respostas das editoras do Brasil. Estreamos o site e recebemos bons feedbacks de leitores e graças a isso, resolvemos tentar publicar mais uma vez. Nosso site tinha não tinha nem um mês quando a Shirubana estava tentando saber sobre o mercado nacional atual e encontrou sem querer a Editora Quadrix na internet. Então, enviamos OPDBS para ela para fazer parte de um almanaque, e no dia seguinte tivemos resposta! Mas não queriam colocá-lo no almanaque, queriam lançar solo. Ficamos imensamente felizes, porém, os meses foram passando e a editora acabou fechando o site sem nos avisar. Foi quando resolvi tentar outra editora enquanto a Quadrix não me dava resposta. Enviei o Vitral para a HQM, mesmo a Shirubana não acreditando que alguma editora lançaria um BL nacional no Brasil. A resposta foi imediata também. Lembro que enviei O Príncipe do Best Seller para o Carlos e ele amou. Lançamos ambos nos Anime Friends, uma semana depois. 
 
Um Sofá: O que significa “Estúdio Futago” para vocês?
 Estúdio Futago: Pra nós ele é uma rebeldia. Foi nosso “vai ou racha”. Ele nasceu numa época muito ruim pra nós, quando estávamos sofrendo pressão da família para desistir dos quadrinhos. Estávamos sem emprego, sem grana e sem o apoio do nosso pai, que infelizmente havia falecido. Soubemos até que teve uma reunião de toda a família para questionar nosso futuro! Não foi fácil ouvir que o que fazíamos não daria em nada! Que era hora da gente crescer. Por outro lado, foi bom, pois decidimos tentar pra valer e provar que podia dar em algo. E deu. Hoje pagamos as contas com mangá e a Faculdade do irmão mais novo.

Um Sofá: Tem ideia para mais planos para o futuro? Mais histórias?
Estúdio Futago: Com certeza! Logo após o final do OPDBS, lançaremos mais um mangá.

Um Sofá: Para finalizar, querem deixar um recado para todos os leitores do blog que desejam um dia seguir essa profissão de desenhista?
Estúdio Futago: Ah sim! Acho que a história de Ícaro serve bem para os desenhistas brasileiros. Quando Ícaro e seu filho foram fugir da prisão, Ícaro disse a ele para não voar muito alto, pois o Sol derreteria a cera que prendia as penas da asa, e também para não voar tão baixo que caísse no mar. Mas deslumbrado com a liberdade, o jovem subiu muito, a cera derreteu e ele caiu no mar e morreu afogado. Pra nós é isso, não sonhe tão alto e nem tão baixo. O melhor é o caminho do meio. Ou seja, não queira ganhar milhões e nem se venda por pouco! É bom ter em mente que não somos gênios grandiosos e muito menos artistas coitadinhos. As editoras no Brasil não são como as do resto do mundo, nosso mercado tem um jeito próprio e quando compreendemos isso com humildade, conseguimos publicar e seguir galgando nosso espaço aos poucos.

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