Crítica || A Invenção de Hugo Cabret
Escrito por Miaka Freitas - domingo, fevereiro 24, 2013
Podemos falar tanto dele, mesmo assim não falaremos nada.
Acabei de assisti-lo e realmente adorei o filme, não é a toa que teve
tantas indicações ao Oscar ano passado, incluindo o de melhor filme, categoria
em que levou o premio. Mas realmente é um longa que deve ser tratado como o
melhor dos tempos. E não falo isso pelos efeitos
especiais.
Ao longo de toda história que percorre o personagem Hugo Cabret, o
enredo faz alusões aos grandes da história do cinema, Chales Chaplin é um
exemplo. É ótimo a idéia de homenagear o começo da era do filme e do cinema com
o próprio filme e cinema.
E toda essa observação fez-me pensar na evolução contada e registrada da
humanidade. Deste do tempos remoto do surgimento humano ao ápice de uma
civilização, vemos que o desenho, posteriormente a escrita acompanhou esse
progresso e nos é a única fonte registrada de evolução. Seja de um desenho
rupestre, passando aos hieróglifos, chegando em runas, latim e as línguas
existentes. Seja das paredes rochosas de cavernas, esculpidas em pedras ou
papiros, em livros escritos a mão até a invenção da impressão até as milhares
de tiragens de uma edição atualmente, foi a escrita que nos acompanhou e
registrou a evolução da humanidade. Até outrora acreditei que era função dela e
dos autores.
Mas Hugo Cabret me fez ver algo além, que estava sempre presente no cotidiano
numa televisão e na paixão pelo cinema. O filme também é e poderá ser nossos
registros de evolução.
Na minha sincera opinião, acho que o filme desempenha melhor esse papel
de mostrar a evolução do que a literatura, pelo menos atualmente. Por um filme
podemos ver toda a evolução, tanto cinematográfica (efeitos, produção,
figurinos, enredo), mas também o sociológico da sociedade na época que o filme
fora produzido. Um filme de 1990 será totalmente diferente de um do ano de
2013, mesmo que seja apenas para entretenimento. Está tão nítido como as letras
impressas num papel. E quando digo que o livro possa estar perdendo esse propósito,
é porque muitos (não que seja culpa de autores ou editoras, não culpo ninguém a
não ser a população consumidora em geral que está perdendo a própria identidade
também) livros hoje jogados aos montes no mercado editorial só tem duas únicas
funções (para não dizer que tem apenas uma): vender e entreter.
Não há mais a fabricação de clássicos da literatura, só os de best
seler's. A literatura clássica foi perdida atualmente, e só sobrevive em
escolas barrocas, renascentistas, romancistas etc.
Eu mesma mergulhei nesse cenário e fiquei ávida por livros, best seler's
e lançamentos. Ler o que todos liam e quando mais, melhor. Estava inerte a toda
essa rica cultura de entretenimento e de nada acrescentava-me, até que por essa
semana parei de ler.
Não li praticamente a semana toda, pois pensei. Pensei que aos poucos eu
estava mudando e só virei uma simples leitora e blogueira fazendo simples
resenha pra dizer: gostei ou não gostei. E o que era o propósito antes? Era de
fazer o que eu sempre fazia quando lia antigamente: analisar. Gostava de ver
influencias de outras obras naquela q estava lendo. Adorava relacionar e
encontrar pontos iguais em obras totalmente diferentes e dá uma interpretação
maior, procurando as entrelinhas. E eu estava perdendo isso. E com Hugo Cabret
foi o ponto final para retomar da onde entrei em transe. Não importa ler
lançamentos porque são lançamentos. Importa ler por gostar, por sentir bem, por
ter escolhido e por saber que acrescentará algo alem de diversão na vida.
Estou devendo uma avaliação da obra, então vamos lá. Não sei se já
assistiram ao filme ou se olharam suas indicações ao Oscar, mas o que chamou
também a atenção da academia e de todos os telespectadores é seu show de
efeitos especiais que mais parecem magia na tela da TV. Realmente os efeitos
especiais são de encher os olhos. Desculpe ser indelicada, porem mesmo que os
efeitos sejam encantadores, vemos a sobreposição rústica do efeito sobre o
plano real do filme, não tão rústica como um filme da década 80-90 e nem tão
exagerada que chega a ser ridícula como visto em Amanhecer-parte 2. Talvez seja
apenas meus olhos que se aguçam ao ver o efeito especial (gosto muito de ver
filmes com efeitos especiais para avaliar e procurar falhas, meu sonho é
trabalhar na área de filmes e animações e é bom ver aonde cometem erros), mas
acredito que tal traço rústico na hora de fabricar o efeito e colocá-lo no
filme seja proposital para ser mais um recurso utilizado para lembrar e
homenagear os antigos filmes.
Como disse anteriormente, vemos muitas cenas e artistas antigos, das
primeiras décadas dessa arte que é o filme. Conhecemos, mesmo que breve, um
pouco da história do filme em si, dessa arte que sobrevive em seu auge quase
que eterno até hoje. E com Hugo Cabret lembrei-me dos dias do Cine Paradiso,
que conta a história de amor de um menino pelo cinema. A história de Hugo com o
de Cine Paradiso são tão parecidas que dá para criar uma ponte e uni-los.
Resenhei esse filme no blog também.
Como disse no inicio, posso falar muito e ao mesmo tempo não dizer nada
sobre tudo que Hugo Cabret simboliza e transmite. Vale à pena conferir e tirar
as próprias conclusões a cerca desse maravilhoso filme.
PS: sobre o final, meio que fiquei decepcionada! Não pense que detestei
o fim dado no filme, eu adorei, mas esperei ver, no mínimo, Hugo como cineasta
como o enredo faz com que desconfiássemos. Ah, o enredo é simples, mesmo assim
envolve o telespectador e não se consegue retirar os olhos da tela nem por um
segundo. Mesmo que muita coisa no roteiro seja facilmente prevista, mas
acredito que seja proposital.
Adorei o fato que na cena em que Hugo foge do Inspetor e se esconde na
torre do relógio, ele sai pendurado em um dos ponteiros do relógio, alusão a
cena de Chaplin que é mostrada algumas cenas antes do acontecimento com Hugo.
Realmente Hugo Cabret foi uma homenagem perfeita e espetacular que nenhum outro
filme feito poderia expressar melhor.
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